Uso de chupetas em adultos vira tendência na China
Foto: Reprodução/TikTok
Um hábito curioso vem ganhando popularidade na China: adultos usando chupetas para controlar o estresse. A prática, que promete resgatas memórias de conforto da infância, tem sido apontada por adeptos como uma forma de aliviar a ansiedade e melhorar a qualidade do sono de quem sofre de insônia. No entanto, especialistas em saúde já alertam para possíveis riscos físicos e psicológicos associados ao uso prolongado.
"O uso de chupetas por adultos pode trazer inúmeros prejuízos físicos, psicológicos e sociais, especialmente quando a intenção é aliviar sintomas de ansiedade. Esse transtorno tem causas múltiplas, combinando fatores biológicos, emocionais e ambientais. Entre eles, estão traumas passados, baixa tolerância à incerteza, questões de autoimagem, pensamentos disfuncionais, predisposição genética e desequilíbrios cerebrais ou hormonais. Trata-se, portanto, de uma condição complexa que não pode ser resolvida apenas com recursos externos", analisa a psicóloga Carla Campos.
Segundo a especialista, quando a chupeta é utilizada como estratégia para lidar com a ansiedade, ela pode gerar efeitos psicológicos negativos, como regressão comportamental. "Esse hábito estimula comportamentos infantis e pode retardar o desenvolvimento emocional, a autonomia e a capacidade de lidar com frustrações e regular emoções", diz.
A psicóloga diz que, embora a sucção e a mordida proporcionem um alívio imediato, funcionando como um efeito placebo, o uso não trata a causa da ansiedade e pode atrasar o amadurecimento emocional da pessoa.
Anúncio recomenda chupetas para 'indivíduos emocionalmente instáveis'
As “chupetas para adultos”, produzidas em silicone ou borracha, estão disponíveis em plataformas de e-commerce por preços que podem custar de R$ 19,90 e ultrapassar R$ 400, se forem customizadas com pedrinhas ou iniciais.
Em um dos anúncios na Shopee, a chupeta é indicada para "alívio do estresse: adequado para trabalhadores 'colarinho branco', indivíduos emocionalmente instáveis que enfrentam trabalhos sob pressão, aqueles enfrentam estresse, ansiedade, tensão e baixa emoção trabalho".
Nas redes, os relatos falam sobre bem-estar causado pelo uso do objeto comum entre bebês. "A chupeta é super confortável, não machuca e tem um jeitinho ótimo na boca", diz um comprador.
"Eu tenho ansiedade e a chupeta me ajuda muito, me acalma e me ajuda a dormir melhor. Eu já faço uso da chupeta tem um tempo, sinceramente, eu me arrependo de não ter feito uso delas antes. O bico dela é confortável, e ajusta Perfeitamente na boca. Uma sensação de relaxamento inexplicável", avaliou uma cliente.
Um consumidor afirmou que o acessório tem sido útil para lidar com a abstinência do cigarro, proporcionando "conforto psicológico" . Há ainda quem utilize o objeto durante o expediente de trabalho, comparando a sensação à segurança vivida na infância.
Riscos para a saúde bucal
Do ponto de vista físico e odontológico, os prejuízos também são significativos. O uso prolongado pode comprometer a mordida, causar problemas dentários, gerar tensão muscular e aumentar o risco de infecções pela proliferação de bactérias.
"A sucção prolongada exerce uma força constante sobre dentes e arcadas dentárias, o que pode provocar movimentações indesejadas, causando desalinhamentos, mordida aberta ou mordida cruzada. Em adultos, esses problemas tendem a ser ainda mais difíceis de corrigir do que em crianças, muitas vezes exigindo tratamento ortodôntico complexo", explica o cirurgião-dentista Júlio Brant, mestre em Ortodontia e especialista em Radiologia Oral.
Além disso, a pressão contínua pode gerar sobrecarga nas articulações temporomandibulares (ATM), levando a dores na mandíbula, estalos e até dificuldade para abrir e fechar a boca. "Outro ponto é o acúmulo de placa bacteriana: se a chupeta não for higienizada adequadamente, ela se torna um foco de microrganismos, aumentando o risco de cáries, gengivites e mau hálito", complementa.
Também há impactos funcionais — a presença constante do objeto na boca pode interferir na posição da língua, prejudicando a fala e a deglutição, e contribuir para problemas respiratórios, especialmente se usada durante o sono. "Em resumo, o hábito, mesmo que pareça inofensivo, pode trazer consequências duradouras para dentes, gengivas e estruturas de suporte da boca", conclui o especialista.
Segundo a cirurgiã dentista Diana Fernandes, o impacto pode ser ainda mais preocupante em pessoas que já possuem predisposição a disfunções na ATM ou desalinhamento dentário.
“Trata-se de um hábito deletério, sem comprovação de benefícios psicológicos reais e com potencial de causar danos estruturais. Ao invés de aliviar o estresse, pode gerar problemas que demandam tratamentos complexos e prolongados”, reforça a especialista.
Fonte: Terra
Altamirando de Lima,
Radialista DRT 5842 Tel (75) 981761290
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