Deputada Olívia Santana vive momentos de medo durante abordagem da PM: 'Senti minha vida por um triz'

 A parlamentar passava pelo Vale das Pedrinhas e estava a caminho de uma atividade religiosa na Igreja de São Caetano


Olívia Santana Crédito: Reprodução/Instagram

A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) foi vítima de uma abordagem ostensiva da Polícia Militar, na manhã desta quarta-feira (1º). A bordo do seu carro e com a sua equipe, a parlamentar passava pelo Vale das Pedrinhas e estava a caminho de uma atividade religiosa na Igreja de São Caetano, quando foi surpreendida pela equipe militar.

Em um vídeo publicado nas suas redes sociais, ela define a abordagem como "violenta, completamente inadequada e daquelas que o nosso povo sofre todos os dias". "Os policiais, com as armas do lado de fora, apontadas para o meu carro, começaram a gritar: 'Desce do carro, porra. Todo mundo com a mão na cabeça'", disse.

Olívia relatou que os ocupantes do veículo obedeceram ao comando e desceram com as mãos na cabeça. Aos policiais, ela não se identificou como deputada, mas, após ser reconhecida pelo agente que coordenava a operação, o tom da abordagem mudou.

"Eu disse para ele que era um absurdo aquela forma de abordagem. Ele [o policial] disse que o veículo preto era suspeito, que tinha supostamente recebido uma informação de que tinha havido uma ocorrência e que haveria um veículo preto em fuga. Senti que a nossa vida esteve por um triz", contou.
Ao CORREIO, a parlamentar disse que não é aceitável suportar esse tipo de situação. "É uma abordagem de guerra. Não é sobre mim, mas sobre todas as pessoas negras que passam por isso. Um caso substitui o outro e isso vira uma rotina de abordagens erradas. Respeitamos as forças de segurança pública, mas o tipo de abordagem que adotam é o contrário do que deveria ser", desabafou.

Apelo pelas câmeras

Para a deputada, a situação vivida por ela reforça a necessidade da adoção de câmeras de monitoramento nos fardamentos dos policiais. Ela apelou ao governador Jerônimos Rodrigues que adote o equipamento com urgência para a corporação.

"Se minha voz puder servir para alguma coisa, quero que sirva para garantir essa reivindicação, para que as câmeras de segurança sejam instaladas no fardamento dos policiais", disse.

Olívia ressalta que o equipamento é um recurso que protege a população e os próprios agentes. "Não podemos ficar numa guerra de versões. As imagens extrapolam as narrativas e mostram o que de fato aconteceu na situação".

Situação das câmeras

Há mais de três anos, a população baiana espera pela implantação das câmeras de segurança nas fardas da PM. Houve uma promessa de que os equipamentos fossem utilizados no Carnaval, o que não ocorreu. No dia 15 de abril, durante a entrega de viaturas na Lagoa do Abaeté, o governador Jerônimo Rodrigues informou que as câmeras vão começar a ser usadas em unidades voltadas para a educação e o meio ambiente.

"Estamos nas últimas tratativas. Estou evitando dar datas, mas esperamos já nos próximos dias anunciar, nem que seja a quantidade em fase de teste, para que a gente possa saber em quais Companhias da Polícia Militar vamos usar. Tem algumas áreas que os direitos humanos exige de forma mais intensa, como a que cuida da educação e do meio ambiente. São áreas que a gente precisa de imediato fazer o teste", disse na ocasião.

A expectativa do secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, era de que a versão do Procedimento Operacional Padrão (POP) revisada pelas diretrizes das câmeras fosse publicado no Diário Oficial em até duas semanas.

"Todas as ações prévias, como o procedimento administrativo padrão para a retirada das imagens, as diretrizes para o uso e o funcionamento dos equipamentos, tudo isso já foi publicado no Diário Oficial. Falta apenas o POP que está sendo revisado a partir das diretrizes, na mesma linha do Ministério da Justiça, e assim que for concluído a gente começa. Não estamos perdendo tempo, os policiais já estão em treinamento", explicou.

Nota da PM

Em nota, a Polícia Militar informou que "preconiza que as ações de seus agentes sejam pautadas na técnica e legalidade. Qualquer cidadão pode apresentar denúncia na Ouvidoria (0800 284 0011) ou na Corregedoria da PM, localizada na Rua Amazonas, nº 13, Pituba, em Salvador".


Fonte Correio 




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