Dados: Instituto Fogo Cruzado
“A Secretaria da Segurança Pública informa que, de janeiro a agosto de 2023, os assassinatos recuaram 3,3% no estado, representando a preservação de 112 vidas. Em Salvador, a redução ficou em 11%. Informa ainda que os feminicídios estão com diminuição de 12,9% na Bahia, no mesmo período. Ressalta também que as mortes violentas apresentaram queda de 22,5% na Bahia, entre 2016 e 2022. A SSP enfatiza ainda que ações policiais este ano alcançaram o dobro de fuzis apreendidos em todo o ano de 2022. Até a primeira semana de setembro, as forças estaduais apreenderam 44 fuzis em operações contra o crime organizado. Por fim, a SSP salienta que os investimentos em concursos, equipamentos, capacitação, tecnologia e novas estruturas têm como objetivo ampliar a redução das mortes e a preservação da vida.”
Sobre o assunto, a Polícia Civil emitiu o seguinte posicionamento: “Visto que a Polícia Civil não comenta dados não oficiais, o prazo solicitado para a resposta é incompatível com o tempo necessário para o devido levantamento junto ao Instituto de Segurança Pública, Estatística e Pesquisa Criminal (Ispe), órgão oficial de estatísticas da Instituição.”
A Polícia Militar foi procurada para dar um posicionamento, mas não houve resposta.
Mulheres negras são maioria entre os dados
Dentre os dados disponibilizados pelo Instituto Fogo Cruzado, chama a atenção o número de mulheres negras dentro do universo de 27 mulheres baleadas, durante o mês de agosto. No total, 16 mulheres negras foram vitimadas, 15 foram mortas e uma foi ferida, 10 mulheres não tiveram a identificação de etnia e cor, duas mortas e oito feridas e uma mulher branca foi morta.
Para a especialista de segurança Larissa Neves, este número está atrelado à naturalização da violência racial no Brasil e refletem que pouco se entende sobre a vida das mulheres negras, pois estamos diante de um racismo que violenta os corpos das pessoas negras desde a infância. Ao observar que os casos marcantes de agosto foram mulheres negras, é fácil perceber que estas vítimas estão numa dinâmica de orientação das suas famílias ou estão na frente de movimentos e, muitas vezes, essa violência é causada por um elemento importante: o fator racial.
“É olhar para mulheres que, muitas vezes, não são humanizadas, nem vistas como mulheres, que estão e são numa dinâmica de orientação das suas famílias. A maioria dos casos de violência contra mulher, quando acontece feminicídio, está muito atrelado à uma dinâmica de relacionamento íntimo e outras dinâmicas também, por exemplo, mulheres que são mortas no seu local de trabalho, mulheres que simplesmente estão em um local e são baleadas”, explica Larissa Neves
Fonte Correio
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